terça-feira, 28 de setembro de 2010

Pesquisa de Iniciação Científica - C. Faria Arantes

Título da pesquisa: PROTOCOLOS DE INTERVENÇÃO COGNITIVO COMPORTAMENTAIS PARA CRIANÇAS ANALISADOS SOB O ENFOQUE DOS PROCESSOS ASSIMILATIVOS E ACOMODATIVOS E DO ESTADO DE HUMOR

Bolsista CNPq: Carolina Faria Arantes
Orientadora: Profa. Dra. Renata Ferrarez Fernandes Lopes

Resumo:
Protocolos de intervenção cognitivo comportamentais para crianças e adolescentes eficazes são fundamentais para o avanço da abordagem. Mudanças das crenças disfuncionais de crianças e adolescentes são o objetivo final do terapeuta cognitivo-comportamental ao aplicar protocolos de trabalho. Pesquisas nos últimos dez anos sugerem que crenças (esquemas) são sensíveis à influência dos estados de humor do paciente. Favorável a esta visão, Piaget sustentava uma posição que pressupõe forte influência afetiva na formação da cognição ou crença. Para esse autor, há uma indissociabilidade entre afeto e cognição. Nesse sentido, acomodação e assimilação são processos cognitivos performados pelo estado afetivo da pessoa em qualquer idade. A assimilação é o processo mental pelo qual a pessoa classifica um novo estímulo em categorias pré-existentes (a informação é dirigida pela estrutura de conhecimento prévio, ou seja, dirigida por processos top down). A acomodação é a propriedade cognitiva de modificar esquemas anteriores sob a influência de situações exteriores (a informação é dirigida pelo estímulo externo, o seja, dirigida por processos botton up). A formação das crenças pertence ao domínio da assimilação, mais do que da acomodação, indicando que o humor positivo/neutro serve para favorecer a formação de crenças na interface do afeto e cognição. Estudos experimentais indicam que estados de humor positivos facilitam a assimilação, enquanto que estados humor negativos facilitam a função acomodativa. O objetivo desta pesquisa foi classificar as técnicas comportamentais e cognitivas frequentemente utilizadas na terapia cognitiva de crianças em mais ou menos assimilativas ou acomodativas. Este estudo foi feito por meio de leituras, análises e sínteses comparativas de cada material bibliográfico (livros e artigos essencialmente), de fonte original, com a finalidade de manter a idéia e os dados originais dos autores consultados (Jéssica McClure prioritariamente). As análises teóricas realizadas apontam que técnicas como o círculo mágico, que ajudam a criança a monitorar seus pensamentos e relacioná-los a seus sentimentos e comportamentos, são predominantemente assimilativos, pois induzem a criança a pensar sobre a relação entre pensamentos, sentimentos e comportamentos em situações prazerosas fazendo-a recorrer apenas a seu conhecimento prévio. Diários de pensamentos (registros do dia, hora, acontecimentos e pensamentos quentes e sentimentos) suscitam ambos os processos mentais (acomodação e assimilação), mas como objetiva-se que a criança observe e registre dados de seu cotidiano com a finalidade de identificar a relação entre pensamentos/sentimentos/comportamentos exige-se mais processos acomodativos (dirigir-se pelos dados) durante a aplicação da mesma. Os dados teóricos encontrados permitem supor que as técnicas acomodativas são mais produtivas quando aplicadas em estado de humor negativo. Por outro lado, técnicas cognitivas que exigem processos assimilativos (processos dirigidos por conhecimento prévio) são mais efetivas sob estado de humor positivo ou neutro. Diante do postulado, sugere-se uma reavaliação dos protocolos das técnicas de intervenção cognitivo comportamental direcionadas para crianças sempre considerando o estado de humor do paciente, ao longo das sessões terapêuticas e em seus intervalos.

Apoio Financeiro e/ou Bolsas: CNPQ

Palavras-Chave: processos assimilativos e acomodativos; estados de humor; protocolos de intervenção de crianças.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Análise do Livro "Prisioners of Hate" de Aaron T. Beck

Nesta seção serão disponibilizados análises e comentários de vários livros da Psicologia Cognitiva. O primeiro deles é o livro de Aaron T. Beck - Prisioneiros do Ódio: As bases cognitivas da raiva, hostilidade e violência (Prisoners of Hate: The cognitive basis of anger, hostility and violence) publicado em 1999 pela editora Harper Collins Publishers. São 4 vídeos feitos pela Profa. Dra. Renata Ferrarez Fernandes Lopes - Professora Adjunta do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia e responsável pelo Laboratório de Psicologia Experimental.

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Pesquisa de Mestrado - A. C. Rimoldi de Lima

Título: A Relação Cognição - Emoção: Perspectivas que sustentam e ampliam o modelo cognitivo de Aaron T. Beck

Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Universidade Federal de Uberlândia

Mestranda: Ana Carolina Rimoldi de Lima
Orientadora: Prof. Dra. Renata Ferrarez Fernandes Lopes
Co-orientador: Prof. Dr. Ederaldo José Lopes

Resumo:
O presente trabalho consiste em uma pesquisa de mestrado em andamento, do tipo bibliográfica, com característica exploratória/comparativa que tem como objetivo demonstrar como diferentes abordagens teóricas acerca das emoções fundamentaram e expandiram o modelo cognitivo de Beck. Assim, é feita uma seleção de diferentes teorias da emoção dentro da Filosofia, Biologia e Psicologia que influenciam ou ampliam o modelo cognitivo de Beck, em sua vertente linear e “modal”, a fim de concluir como seu modelo cognitivo das emoções foi desenvolvido, seu status atual e possibilidades de desenvolvimento futuro. A questão “o que são as emoções” tem sido investigada ao longo dos séculos por filósofos e, a partir do século XX, também por psicólogos e neurocientistas. Dentro da filosofia, duas vertentes principais são identificadas quanto ao entendimento das emoções: a platônica e a aristotélica. Segundo a perspectiva platônica, alma e corpo são instâncias distintas e suas funções são, respectivamente, a razão e as paixões (emoções), considerando as últimas como prejudiciais. O filósofo entendia que a consciência de um estado emocional era um subproduto de processos corporais. Essa visão é acentuada na Filosofia Cartesiana e exerce influências sobre as versões de William James e do Behaviorismo. Conforme William James, as diversas emoções distinguem-se por uma fisiologia única e correspondem a estados internos que não envolvem centros especializados do cérebro, podendo ser conhecidas por meio da introspecção. Por sua vez, os Behavioristas consideram fenômenos mentais e subjetivos como “fantasmas da máquina” e, conseqüentemente, ilegítimos para seus estudos (behavioristas metodológicos), ou consideram os processos mentais e as emoções em termos de respostas comportamentais eliciadas ante determinadas situações, resultantes de contingências de reforçamento (behavioristas radicais). Já a perspectiva aristotélica considerava que é insuficiente compreender as emoções em termos de processos fisiológicos ou comportamentais, mas também é necessário compreender a função desses processos. O filósofo defendia também que diferentes avaliações conduzem a diferentes emoções - noção que influencia o Cognitivismo na Psicologia. A revolução cognitiva, por sua vez, não teve um papel proeminente na compreensão das emoções - os teóricos consideravam a mente como um mecanismo de processamento de informações e as emoções como resultantes de cognições. A teoria cognitiva da Aaron T. Beck segue esse entendimento e aborda as emoções em duas vertentes: a linear e a “modal”. O modelo linear sustenta-se em dois pilares: o significado consciente e o domínio pessoal. O significado conferido a um evento determina a resposta emocional experimentada pelo indivíduo. Esse significado organiza-se em torno do domínio pessoal, o qual representa todos os componentes do autoconceito da pessoa. Assim, emoções específicas são experimentadas dependendo de se a pessoa percebe os eventos como adicionando ou subtraindo algo de seu domínio pessoal. Na perspectiva “modal” Beck amplia o espectro de relações entre cognição e emoção, compreendendo os modos como uma rede de componentes da personalidade na qual os sistemas cognitivo, emocional, motivacional, comportamental e fisiológico relacionam-se e atuam de forma integrada. Porém, o autor ainda mantém seu foco no processo de atribuição de significado. Dessa forma, por bastante tempo as emoções não foram diretamente estudadas devido ao grande problema do entendimento de como o cérebro fazia o sentimento aparecer e desaparecer. Entretanto, estudos biológicos sobre a estrutura e funcionamento do cérebro e o estudo evolutivo de Darwin sobre expressão emocional abrem caminho para um melhor entendimento das emoções. A Psicologia Evolucionista, seguindo a perspectiva darwinista, passou a enfatizar o estudo das emoções. Os autores nessa linha não seguem a tradicional distinção entre cognição e emoção, mas os consideram como processos complementares. No campo das neurociências cognitivas destacam-se as teorias de Antônio Damásio e Joseph Ledoux. Suas teorias sobre as emoções integram regiões sub e neocorticais do cérebro, assim como processos emocionais, cognitivos e biológicos, dependo do tipo de emoção experimentada. Pode-se concluir que, concerne ao entendimento das emoções, essas teorias se somam, mesmo que apresentem pontos de divergência. Isso porque as emoções constituem-se em um constucto multicausal e que se manifesta através de múltiplas vias de resposta, mantendo íntima relação com os demais sistemas psicológicos. Dessa forma, o avanço no estudo das emoções (normais ou patológicas) pode contribuir para o avanço da teoria abrangente de Beck (vertente “modal”). Vê-se que a obra de Beck é toda construída com o objetivo de embasar sua terapêutica, o que justifica seu enfoque na reestruturação cognitiva, pois como o próprio autor salienta, este é o meio eficaz de atingir seu objetivo, o qual consiste em aliviar a angústia emocional dos pacientes. Por ser construída em íntima relação com a prática, muito de sua teoria advém dos próprios dados clínicos coletados com pacientes, ao invés de basear-se diretamente em autores específicos ou perspectivas teóricas. No entanto, Beck cita autores que embasam a sua teoria, entre os quais, alguns serão abordados na segunda fase desse trabalho.

Palavras-Chave:
emoções; modelo cognitivo; fundamentos teóricos

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Apresentação

Este blog foi criado com o intuito de difundir a Psicologia Cognitiva e seus diferentes temas. Além disso, tem em vista divulgar o Laboratório de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia e o que tem sido realizado neste ambiente, como as pesquisas de Iniciação Científica, Especialização, Mestrado e os materiais e equipamentos que dão suporte e enriquecem as pesquisas e estudos na área da Psicologia Cognitiva.