domingo, 20 de março de 2011

A Teoria Piagetiana e sua Interface com as Teorias Cognitivas sobre Formação de Crenças

Pesquisa de Iniciação Científica com bolsa da FAPEMIG

Autor:
Filipe Silva Castro
Co-autoras: Carolina Faria Arantes e Mara Lívia de Carvalho
Orientadora: Profa. Dra. Renata Ferrarez Fernandes Lopes

Introdução:
Atualmente, muitos estudos científicos têm dirigido a atenção à origem das crenças pesquisando a interface entre os processos cognitivos e a emoção, com ênfase no papel afetivo sobre os mesmos.
O objetivo deste trabalho foi mostrar a fundamentação, em Piaget, dos conceitos de assimilação e acomodação como processos básicos na formação e modificação de crenças.

Metodologia:
Foi feito um levantamento bibliográfico, com base nas obras originais de Piaget, para apontar os conceitos piagetianos que fundamentam as teorias cognitivas que pressupõem que a formação e a modificação de crenças ocorrem com base no humor experimentado pela pessoa (teorias pesquisadas em suas fontes originais).

Resultados:
Assimilação e acomodação são colocados como pólos funcionais da adaptação, o que supõe um equilíbrio entre ambos e os torna processos indissociáveis que ocorrem de forma correlacionada, apesar de em alguns momentos haver uma variação com predomínio de um deles. Este predomínio está relacionado à equilibração para a qual o indivíduo sempre tende e à auto-regulação, com a finalidade de buscar o que lhe é mais adaptativo. O esquema abaixo resume o processo e mostra a conceitualização dos dois processos.


Discussão:
Alguns teóricos cognitivos têm indicado que os estados afetivos são elementos que ajudam a direcionar qual o estilo cognitivo (assimilativo ou acomodativo) é mais apropriado ou mais adaptativo às demandas externas.
Estudos demonstraram que os estados afetivos positivos, parecem ativar mais os processos de assimilação, ao passo que quando o humor se torna negativo, parece ativar mais processos acomodativos. Assim, pode-se dizer que os estados afetivos ajudam regular a utilização desses mecanismos cognitivos à medida que o indivíduo se confronta com uma situação-problema. A variação é muito importante na formação e manutenção dos esquemas nucleares, pois permite que o indivíduo ora se volte mais para o estímulo utilizando mais processos acomodativos, ora se volte para as estruturas internas utilizando mais processos assimilativos, buscando sempre as alternativas adequadas às demandas do meio.
As crenças podem ser conceituadas como inferências baseadas no conhecimento internalizado e caracterizado por um aspecto de confiança e de convicções genuínas. Sendo consideradas também como representações cognitivas que mediam o modo como as pessoas percebem, constroem ou interpretam o mundo ao seu redor. Por isso, sua formação pertence ao domínio da assimilação, mais do que da acomodação.
Conclui-se que os estados de humor positivos servem para sustentar a formação de crenças (mediada por processos assimilativos) na interface entre o afeto e cognição, ao passo que o afeto negativo favorece a modificação de crenças via processos acomodativos. Assim, compreende-se que os conceitos encontrados na obra piagetiana fundamentam o conhecimento sobre a origem e manutenção das crenças.



Referências:

Fiedler, K., & Bless, H., (2005). Mood and the regulation of infomation processing and behavior. In Paper for Sidney Symposium on Social Psychology.
Inhelder,B; Piaget, J. (1968). A Psicologia da Criança. Coleção “Saber atual”. Difusão Européia do Livro. São Paulo.
Lopes, R. F. F. ; Alves ,M. R. (2009). Bases cognitivas, comportamentais e afetivas da origem das crenças e a implicação nos tratamentos cognitivo-comportamentais. In: Regina Christina Wielenska. (Org.). Sobre comportamento e cognição. (p. 297-304).Santo André: ESETec Editores Associados.
Piaget, J.(1996 ). Biologia e conhecimento: ensaio sobre as relações entre as regulações orgânicas e os processos cognoscitivos.(Tradução de Francisco M. Guimarães- Petrópolis, RJ: Vozes.
Piaget, J. (2005). A representação do mundo na criança: com o concurso de onze colaboradores. Aparecida, SP: Idéias & Letras.

O Problema Mente-Corpo na Psicologia Cognitiva Moderna

AUTORES:
Leonardo Lana de Carvalho
Ederaldo José Lopes (orientador)

ÁREA:
História da Psicologia (Cognitiva)

RESUMO:
Na epistemologia das ciências cognitivas, como em todo campo do saber, ciência e área de aplicação, seus conceitos e interrelações conceituais não são objeto de uma transmissão fácil e límpida, muitas vezes possuem também contradições. Uma linguagem unificada de modelagem, a UML, possui regras padronizadas de elaboração conceitual. Uma introdução opinativa dos fundamentos epistemológicos sobre o problema mente-corpo é apresentada com o auxílio de diagramas de classe UML. São propostas representações esquemáticas diferenciando o dualismo substancial, o dualismo de propriedades, as teorias da identidade mente-corpo, o eliminativismo materialista e com maior atenção o emergentismo materialista.

PALAVRAS-CHAVE
Ciências Cognitivas, Epistemologia, Modelagem UML, Problema Mente-Corpo

ABSTRACT
The epistemology of cognitive sciences, as in any field of knowledge, science and application areas, has concepts and conceptual interrelationships that are not subject of easy and clear transmission, often also have contradictions. UML is a unified modeling language with standardized rules for conceptual elaboration. We propose an opinionated introduction of epistemological bases of mind-body problem using as support UML class diagrams. Schematic representations are proposed to differentiate positions like the substantial dualism, the dualism of properties, theories of mind-body identity, the eliminative materialism, and with more interest, the emergent materialism.

KEYWORDS
Cognitive Science, Epistemology, UML modeling, Mind-Body Problem

Parte 1


Parte 2


Parte 3


FINANCIAMENTO:
FAPEMIG: Processos SHA APQ-0152-5.06/07 e SHA PPM 349/09; bolsa de pós-doutorado (Proc. SHA 301/09)

QUEM SÃO OS AUTORES?

. Leonardo Lana de Carvalho é pós-doutorando no Lab. de Psic. Experimental, IPUFU/FAPEMIG (Proc. SHA 301/09). Possui doutorado em Psicologia pela Universidade de Lyon II com co-orientação em computação pela Univ. de Lyon I (2008), mestrado em Psicologia Cognitiva e Modelagem pela Univ. de Lyon II com estágio no Lab. de Computação - LIRIS Lyon I (2004), graduação em Psicologia pela UFU (2003). Lecionou no Instituto de Psicologia de Lyon II (2004-2008). Fez pós-doutorado na Universidade de Paris IV Sorbonne sob contrato do CNRS (2009). Sua pesquisa está voltada para o problema mente-corpo e técnicas de modelagem estatística, matemática e computacional.

. Ederaldo José Lopes é Professor Associado II da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), orienta no Programa de Pós-graduação em Psicologia do Instituto de Psicologia com ênfase em Psicologia Cognitiva Experimental. Desenvolve trabalhos na área de fundamentos históricos e epistemológicos da psicologia cognitiva e na área de medidas em psicologia. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia (2008-2009), possui graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1989), mestrado (1992) e doutorado (1997) em Psicobiologia pela Universidade de São Paulo e pós-doutorado em filosofia da mente e ciências cognitivas pela Universidade Federal de São Carlos (2003). É o coordenador do projeto “O problema mente-corpo e a naturalização da psicologia (cognitiva): Implicações epistemológicas” com recursos da FAPEMIG: Processos SHA 301/09 e PPMIII 349/09.

segunda-feira, 14 de março de 2011