Título: A Relação Cognição - Emoção: Perspectivas que sustentam e ampliam o modelo cognitivo de Aaron T. Beck
Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Universidade Federal de Uberlândia
Mestranda: Ana Carolina Rimoldi de Lima
Orientadora: Prof. Dra. Renata Ferrarez Fernandes Lopes
Co-orientador: Prof. Dr. Ederaldo José Lopes
Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Universidade Federal de Uberlândia
Mestranda: Ana Carolina Rimoldi de Lima
Orientadora: Prof. Dra. Renata Ferrarez Fernandes Lopes
Co-orientador: Prof. Dr. Ederaldo José Lopes
Resumo:
O presente trabalho consiste em uma pesquisa de mestrado em andamento, do tipo bibliográfica, com característica exploratória/comparativa que tem como objetivo demonstrar como diferentes abordagens teóricas acerca das emoções fundamentaram e expandiram o modelo cognitivo de Beck. Assim, é feita uma seleção de diferentes teorias da emoção dentro da Filosofia, Biologia e Psicologia que influenciam ou ampliam o modelo cognitivo de Beck, em sua vertente linear e “modal”, a fim de concluir como seu modelo cognitivo das emoções foi desenvolvido, seu status atual e possibilidades de desenvolvimento futuro. A questão “o que são as emoções” tem sido investigada ao longo dos séculos por filósofos e, a partir do século XX, também por psicólogos e neurocientistas. Dentro da filosofia, duas vertentes principais são identificadas quanto ao entendimento das emoções: a platônica e a aristotélica. Segundo a perspectiva platônica, alma e corpo são instâncias distintas e suas funções são, respectivamente, a razão e as paixões (emoções), considerando as últimas como prejudiciais. O filósofo entendia que a consciência de um estado emocional era um subproduto de processos corporais. Essa visão é acentuada na Filosofia Cartesiana e exerce influências sobre as versões de William James e do Behaviorismo. Conforme William James, as diversas emoções distinguem-se por uma fisiologia única e correspondem a estados internos que não envolvem centros especializados do cérebro, podendo ser conhecidas por meio da introspecção. Por sua vez, os Behavioristas consideram fenômenos mentais e subjetivos como “fantasmas da máquina” e, conseqüentemente, ilegítimos para seus estudos (behavioristas metodológicos), ou consideram os processos mentais e as emoções em termos de respostas comportamentais eliciadas ante determinadas situações, resultantes de contingências de reforçamento (behavioristas radicais). Já a perspectiva aristotélica considerava que é insuficiente compreender as emoções em termos de processos fisiológicos ou comportamentais, mas também é necessário compreender a função desses processos. O filósofo defendia também que diferentes avaliações conduzem a diferentes emoções - noção que influencia o Cognitivismo na Psicologia. A revolução cognitiva, por sua vez, não teve um papel proeminente na compreensão das emoções - os teóricos consideravam a mente como um mecanismo de processamento de informações e as emoções como resultantes de cognições. A teoria cognitiva da Aaron T. Beck segue esse entendimento e aborda as emoções em duas vertentes: a linear e a “modal”. O modelo linear sustenta-se em dois pilares: o significado consciente e o domínio pessoal. O significado conferido a um evento determina a resposta emocional experimentada pelo indivíduo. Esse significado organiza-se em torno do domínio pessoal, o qual representa todos os componentes do autoconceito da pessoa. Assim, emoções específicas são experimentadas dependendo de se a pessoa percebe os eventos como adicionando ou subtraindo algo de seu domínio pessoal. Na perspectiva “modal” Beck amplia o espectro de relações entre cognição e emoção, compreendendo os modos como uma rede de componentes da personalidade na qual os sistemas cognitivo, emocional, motivacional, comportamental e fisiológico relacionam-se e atuam de forma integrada. Porém, o autor ainda mantém seu foco no processo de atribuição de significado. Dessa forma, por bastante tempo as emoções não foram diretamente estudadas devido ao grande problema do entendimento de como o cérebro fazia o sentimento aparecer e desaparecer. Entretanto, estudos biológicos sobre a estrutura e funcionamento do cérebro e o estudo evolutivo de Darwin sobre expressão emocional abrem caminho para um melhor entendimento das emoções. A Psicologia Evolucionista, seguindo a perspectiva darwinista, passou a enfatizar o estudo das emoções. Os autores nessa linha não seguem a tradicional distinção entre cognição e emoção, mas os consideram como processos complementares. No campo das neurociências cognitivas destacam-se as teorias de Antônio Damásio e Joseph Ledoux. Suas teorias sobre as emoções integram regiões sub e neocorticais do cérebro, assim como processos emocionais, cognitivos e biológicos, dependo do tipo de emoção experimentada. Pode-se concluir que, concerne ao entendimento das emoções, essas teorias se somam, mesmo que apresentem pontos de divergência. Isso porque as emoções constituem-se em um constucto multicausal e que se manifesta através de múltiplas vias de resposta, mantendo íntima relação com os demais sistemas psicológicos. Dessa forma, o avanço no estudo das emoções (normais ou patológicas) pode contribuir para o avanço da teoria abrangente de Beck (vertente “modal”). Vê-se que a obra de Beck é toda construída com o objetivo de embasar sua terapêutica, o que justifica seu enfoque na reestruturação cognitiva, pois como o próprio autor salienta, este é o meio eficaz de atingir seu objetivo, o qual consiste em aliviar a angústia emocional dos pacientes. Por ser construída em íntima relação com a prática, muito de sua teoria advém dos próprios dados clínicos coletados com pacientes, ao invés de basear-se diretamente em autores específicos ou perspectivas teóricas. No entanto, Beck cita autores que embasam a sua teoria, entre os quais, alguns serão abordados na segunda fase desse trabalho.
Palavras-Chave: emoções; modelo cognitivo; fundamentos teóricos
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