Título: Perdão Interpessoal e Esquemas de Personalidade
Orientadora: Renata Ferrarez Fernandes Lopes
Estudos mostram que muito do que as pessoas sofrem como injustiça é parte da rotina dos relacionamentos em família, na escola e no trabalho, ocasionado, muitas vezes, por aqueles que são mais próximos. Deste modo, é provável que muitos já tenham sido alvos de ofensas em graus variados. É importante ressaltar que há ofensas que parecem graves demais se comparadas às que perpassam o cotidiano da maioria das pessoas, o que não impede necessariamente o ato de perdoar. Mas por que razão alguém perdoaria aquele que lhe causou sofrimento? É de fato genuíno o ato de perdoar em situações que envolvem conseqüências negativas mais extremas, assim como em outras menos graves? Partindo-se do pressuposto de que há pessoas que certamente perdoam, o que estas apresentam em comum ou de diferente? É uma motivação pessoal, ou uma atitude influenciada por agentes externos? Que aspectos levam uma pessoa a estar mais disposta a perdoar do que outras? Que crenças embasam a decisão de perdoar o transgressor? As pessoas perdoam porque pensam que se não o fizerem serão pessoas más?
Dentre estas questões, a que se destaca é aquela referente a crenças que embasam o ato de perdoar. A razão disso é que parece ser comum associar quase que automaticamente o tema ao campo religioso, esquecendo-se de considerar crenças que não pertencem a esse domínio. A máxima atribuída a Alexander Pope, “Errar é humano; perdoar, divino”, exprime de maneira simples essa idéia. “As três grandes tradições monoteístas presentes no mundo partilham a idéia de que as pessoas, por serem perdoadas por Deus, deveriam como resultado, perdoar seus transgressores” (McCullough & Witvliet, 2002, p. 447).
A partir disso, outros questionamentos surgem. Partindo-se do pressuposto de que todas as pessoas que praticam tais tradições partilham também a crença do perdão como algo divino, o que dizer sobre as demais pessoas? Que outras crenças elas têm a respeito de perdoar ou não perdoar quem lhes causou algum dano? Perdoam porque, como propõe Fred Luskin (2007) perdoar pode significar a libertação de sentimentos que acreditam influenciar negativamente suas vidas? Além disso, perdoar pode ser visto como uma atitude de flexibilidade, o que garantiria maior capacidade para lidar com os estressores cotidianos? Ou ainda, perdão pode ser visto como algo que mantém ou promove saúde?
Como é possível notar, questões não faltam. Assim, o objetivo deste trabalho é entender como as crenças, mais especificamente, os esquemas iniciais desadaptativos propostos por Jeffrey Young, podem estar relacionados com a disposição das pessoas para perdoar afrontas.
Palavras chaves: Perdão Interpessoal, Esquemas, Personalidade.
Parte 1
Parte 2
Para saber mais:
Enright, R. D., Rique, J., Camino, C. P. S., & Queiroz, P. (2007) Perdão Interpessoal em Contextos de Injustiça no Brasil e nos EUA. PSICO, 38(2), 182-189.
Luskin, F. (2007). O Poder do Perdão. São Paulo: Francis.
McCullough, M. E. & Witvliet, C. V. (2002). Psychology of Forgiveness. In C. R. Snyder & S. J. Lopez (eds.) (2002), Handbook of positive psychology (pp. 446-458). London: Oxford University Press.
McCullough, M. E., Pargament, K. I., & Thoresen, C. E. (2000). Forgiveness: Theory, research, and Practice. New York: Guilford Press.
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